7 de fevereiro de 2011

Do otimismo exagerado ao total pessimismo

Tenho que admitir que as notícias de que a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016 seriam realizadas no Brasil me encheram de orgulho e alegria. Eu era um entre aqueles milhares de cariocas apaixonados por sua cidade e por seu país que estavam lá na praia de Copacabana no dia em que o COI anunciou a vitória do Rio e admito também que quando li a plaquinha com o nome de nossa cidade senti um arrepio na espinha e gritei e pulei junto aquela massa de pessoas que via a escolha de nossa cidade como o início de uma nova era. Uma era onde finalmente o Rio de Janeiro iria respirar os ares da esperança e do progresso, uma era onde o carioca ia voltar a ter orgulho de bater no peito e gritar para o mundo: “Eu moro na cidade maravilhosa, porra!”.

Mas nem todos são tão otimistas e por isso nem todos começaram a viver essa nova era de esperança, na verdade, muitos diziam que o Rio e o Brasil não tinham condições de realizar tais eventos e que nosso país é carente em tantas outras coisas que não deveria gastar bilhões e bilhões em eventos esportivos que poderiam nos levar a nada. Para essas pessoas que quebravam a onda de otimismo coletivo, eu tampava meus ouvidos, pois preferia não escutar as palavras que poderiam me levar a acreditar que estava vivendo um sonho impossível.

Porém, infelizmente, eu não tampei meus olhos e eles viram e leram notícias e fatos que me fizeram desacreditar no meu sonho e começar a perder a esperança que tão fortemente me dominava, me fazendo passar a pensar como aquelas pessoas que acreditam que nossa cidade e país são ainda muito carentes para poderem se colocar no primeiro plano das potências mundiais e sediar eventos como a Copa e as Olimpíadas.

Infelizmente, não é difícil listar os acontecimentos que podem ter aberto os meus olhos, mas a gota d’água se deu no dia 30/01/2011, quando ao ler o jornal “O Globo” eu conheci fatos que me indignaram e me deram verdadeira repulsa da classe de brasileiros que diz honrar a função de servir ao seu país, os nossos políticos. Alias, foram as notícias lidas no jornal desse dia que finalmente me impulsionaram a escrever esse texto.

Mas não é preciso ler um jornal para poder entender minha revolta, alias, não é preciso nem se esforçar muito, para nós cariocas basta ir a Barra da Tijuca e ver duas imensas obras para se perguntar: Que merda é essa que eles estão fazendo com o dinheiro público?

Essas obras são a Cidade da Música e o Condomínio que originalmente serviu como acomodação para os atletas do Pan. A primeira é uma obra arquitetônica descomunal, que começou a ser construída há quase uma década, mas até agora não foi inaugurada e com a qual já se gastaram mais de 500 milhões de reais e a segunda é uma série de prédios que tinham o objetivo de se tornar um condomínio como qualquer outro após o Pan, mas que hoje parece uma série de prédios abandonados no meio do nada.

E aí eu me pergunto: será realmente que a nossa metrópole precisa de uma Cidade da Música ou de um Pan quando temos a segunda pior educação do país, quando nosso estado possui uma universidade sucateada, quando existem municípios em nosso estado que nem cinemas possuem?

Perante esses fatos, eu realmente acho que existem outras formas muito mais eficientes e até baratas de promover a cultura e o esporte em nossa cidade, mas eu entendo a vontade do prefeito Cesar Maia de querer construir a Cidade da Música e sediar o Pan, afinal, ser o provedor do projeto de uma casa de espetáculos que pode se tornar uma das maiores e melhores do mundo e do maior evento esportivo das Américas projeta o seu nome na história.

E parece que é isso que todos nós brasileiros queremos: ter o nosso país reconhecido historicamente e internacionalmente. Parece um sonho megalomaníaco que todo brasileiro possui de querer ser reconhecido no mundo, mas hoje eu chego à conclusão de que não é uma Olimpíada ou uma Copa que nos dará prestígio internacional, afinal, elas sempre vão acontecer de 4 em 4 anos e cada vez em um lugar diferente, com estádios cada vez maiores, mais bonitos e mais modernos.

Olhando para o país onde vivo eu consegui entender aqueles pessimistas que não acreditavam que esses grandiosos eventos esportivos iam mudar tudo e agora sou quase um deles, por talvez ter sido forçado a entender no cotidiano do Rio de Janeiro, que eu só vou poder ter orgulho de gritar “Eu moro na cidade maravilhosa, porra!” quando os habitantes dela e do país em que ela se encontra conseguirem compreender que eu não construo o meu prestígio internacional olhando para o exterior e tentando igualar meus grandes feitos ao dos países desenvolvidos, mas sim quando olho para o meu interior e começo a construir a minha base visando chegar na igualdade e no nível que esses países de primeiro mundo possuem.

Afinal, um país não é respeitado internacionalmente por ter sediado Copas ou Olimpíadas, mas sim por ter uma base social justa, uma democracia bem edificada e habitantes que entendem a importância da educação e, infelizmente, nesses três quesitos o Brasil ainda está muito distante dos países respeitados internacionalmente.

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